''Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever.'' Clarice Lispector.


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Com licença poética.

Hoje na aula de portugês, o Professor nós passou um poema de Carlos Drummond de Andrade "Poema de sete faces" e logo após passou uma parodia, uma versão mais feminina deste poema, escrito por Adélia Prado, e eu gostei muito, por isso vou posta-lo aqui.

COM LICENÇA POÉTICA

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombetas, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado para mulher,
está espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.

Não sou tão feia que nao posso casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto, escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
(dor não é amargura)

Minha tristeza não tem pedigree,
Já a minha vontade de alegria,
sua raiz ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldiçao pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

(PRADO, Adélia. Com licença poética).

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